Entrevista a Ibai Azurmendi, ciclista da equipa Euskaltel-Euskadi
Ibai Azurmendi Sagastibeltza é aluno da Unisport e ciclista profissional da equipa Euskaltel-Euskadi. Depois de se destacar como sub-23 durante vários anos, o ciclista navarro tornou-se profissional em 2018, consolidando a sua ascensão à elite do ciclismo no ProTeam em 2020.
Em 2021, viveu o primeiro susto da carreira: após competir na Volta a Portugal sem saber que estava infetado com COVID-19 (era assintomático), foi-lhe diagnosticada uma miocardite, resultado do esforço extremo em prova. Apesar do risco, a paixão pelo ciclismo e a sua determinação levaram-no a recuperar rapidamente e regressar à competição em poucas semanas.
O momento mais delicado aconteceu em maio de 2022, quando sofreu uma queda grave após embater num corço durante uma descida no porto de Uitzi, perto de casa. Mais uma vez, a força mental e o espírito de superação permitiram-lhe voltar à alta competição.
Em fevereiro de 2024, aos 27 anos, teve de abandonar a corrida "O Gran Camiño", na Galiza, devido a problemas cardíacos. Pouco tempo depois, confirmou-se que teria de deixar de competir profissionalmente.
Ibai é, sem dúvida, um verdadeiro exemplo de resiliência e paixão pelo desporto.
Como avalias a tua carreira profissional?
O balanço é claramente positivo. Poder chegar ao ciclismo profissional permitiu-me viver experiências únicas, conhecer pessoas incríveis e crescer tanto como atleta como ser humano. Quando uma paixão se torna profissão, isso é algo extraordinário.
Como vês o ciclismo agora, fora da bicicleta?
É um desporto extremamente exigente. Nos últimos anos, o nível subiu imenso e, atualmente, não podes distrair-te nem por um segundo. Mas tem algo de muito especial: o facto de pedalares por paisagens incríveis e de a natureza ser, literalmente, o teu local de trabalho. Isso é um privilégio.
Pretendes continuar ligado ao ciclismo? Como é que a tua formação na Unisport pode contribuir?
O ciclismo é o meu estilo de vida e quero manter-me ligado a este mundo. Acredito que o Mestrado em Coaching Desportivo e Psicologia de Alto Rendimento da Unisport me está a dar ferramentas essenciais para ajudar outros ciclistas a melhorarem o seu desempenho. Há muito espaço para crescer nesta área e quero estar bem preparado para fazer a diferença. Com o conhecimento adquirido no curso e a minha experiência pessoal, sinto que posso contribuir muito.
Tive de fazer muitos sacrifícios para chegar ao topo?
Sem dúvida. Para atingir o mais alto nível, há que fazer muitas renúncias. No ciclismo, a exigência é constante, todos os dias. Mas, no meu caso, sempre gostei tanto do que fazia que nunca o vivi como um fardo. Sempre tive consciência de que era um privilegiado por viver daquilo que me apaixonava. E essa mentalidade ajudou-me muito.
Há algo que achas que precisa de ser melhorado neste desporto?
Sim, especialmente na área da psicologia. Muitos atletas querem resultados imediatos, sem dar tempo ao processo. Isso gera frustrações que, por vezes, fazem com que percam o prazer de competir. É fundamental conhecer-se bem, saber viver o processo, passo a passo, com objetivos realistas. Isso ajuda a crescer de forma saudável e a evitar entrar em ciclos negativos. Acredito que esse é um caminho que o desporto ainda precisa de trabalhar mais.